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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Carta para o meu algoz (Dia da consciencia negra)



CARTA PARA O MEU ALGOZ
(by: Zanna Santos)

Digo que és maldito oh! ser infame
Pois não sentistes a dor de quem amamentava-me em amor
Ao furtar-me o aconchego do seu colo quente
Para afundar-me nesse antro de horror.

Ousastes interromper a natureza divina
Manifestação sublime de maior ato materno 
Quando os seios vivificam um pequenino
Fortalecendo os laços de ternura entre mãe e filho.

Por ventura te concebeu o acaso?
Teu corpo é vazio e tu ‘alma tempestade?
Os maus dias te regaram em ódio?
No teu peito  enorme pedra te consome?

Trocastes o meu ninho por um porão infecto.
Amontoados, padecíamos as nossas mazelas
Éramos negros na cor, na sina, na garra, na prece
Éramos os grandes guerreiros de ébano.

Eu vi a peste  assolar os meus irmãos
E a agonia lhes espremer a espinha.
O céu se fechou e a terra se abriu.
Pedimos pão e nos destes açoites.

Tuas mãos tinham o peso da desgraça
Ácido que queima, que marca.
Teus olhos que refletiam a morte.
Teus passos  nos levaram à sepultura.

O clamor explodia dos nossos lábios carnudos
Com toda força da fé africana
E tu zombavas de nossa negra esperança
Arremessando ao mar nossos restos mortais.

Alienastes meus sonhos para oseu senhorio
Escravo dos brancos servi a ganância
Peregrino e tombado em terras estranhas
Troquei meu suor pelo direito à vida.

Hoje oh infame desgraçado.
A escravidão sucumbiu, é passado.
Na presença de brancos e negros lado a lado,
De igual pra igual
Canto a vitoria celebrando a liberdade.


Zanna Santos

Olhai por nós oh! Patria amada!



Olhai por nós Oh! Pátria amada
     ( by: Zanna Santos)

Meu Brasil brasileiro permita-me contigo prosear,
Levantar a minha voz, ser mais um nesse refrão!
Onde estão os teus meninos futuro desta nação?
Onde estão os teus jovens? Continuam a sonhar?
E os teus velhos? Recordando a pátria amada?

Meu Brasil brasileiro, cheio de encantos mil...
Eu sou mais uma de suas riquezas.
Sou a mulher brasileira.
Sou Maria, Joana, Luiza, Tereza;
Sou tua negra, tua índia, tua cabocla;
Da senzala a realeza.
De verde e amarelo nasceu meu coração.
Sou fruta da terra, semente nesse chão.

Meu Brasil companheiro não se faça de estrangeiro.
Não sei falar em outras línguas, muito mal o português.
Ainda bem que a oração sobrepõe aos idiomas
E os quatro cantos do mundo proclamam: Deus é brasileiro.

Por isso na fé que rege essa nação
Vou revelar o desejo de todo bom cidadão
Que ergue a tua bandeira, que canta a tua canção...
O chamado povo heróico de um brado retumbante,
Que clama...

Olhai por nós oh pátria amada com teu olhar de mãe gentil.
Nos traga alento na desgraça, nos traga paz nesse caminho.
A verdade é que teus filhos se perderam na jornada.
A estrada é muito íngreme; a buracos, há tropeços, há espinhos.

Abra os olhos mãe gentil, vede a dor do pequenino.
Ele nasce em seu berço e é lançado a triste sorte.
O estandarte que ostentas com orgulho se desbota.
Abra os olhos mãe gentil ou chorai a própria MORTE.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal Mascarado




NATAL MASCARADO
Zanna Santos

É natal!
Precisamos sorrir e cantar.
Olhar nos olhos e dar bom dia, boa tarde, boa noite.
Devemos ate mesmo apertar as mãos,
Aceitar um caloroso abraço,
Exercitar a suprema e anual caridade.

É natal.
É preciso acordar cedo,
Entregar-se ao CONTEXTO e se permitir.
É preciso compartilhar os sonhos,
Dissimular o cenário preto e branco,
Doar-se em sacrifício,
Ensinar o outro a colorir.

É natal!
Nada de tristezas, de chorar as perdas.
Hoje é preciso burlar o impossível.
Comparecer aos asilos, visitar os hospitais,
Contar juntos as estrelinhas do céu.
Aos famintos comida e abrigo. Só hoje!
E todo o resto veio com o papai Noel.

É natal!
Olha lá a praça está toda enfeitada,
Os mendigos de paletó e gravata,
Os pivetinhos bem vestidos e calçados.
Ao longe parecem até crianças.
Grande hipocrisia natalina!

É natal!
A ceia sobre a mesa esta posta e tudo parece real.
Convidemos os brancos, os negros, os ricos e os pobres.
Há fartura de amor, igualdade e muita paz.
Depressa, comamos e bebamos até que venha a alva,
Por que de certo com o sol a magia se desfaz.


domingo, 18 de dezembro de 2011

Saudade




Saudade
(By Zanna Santos)

Num palco, o cenário, a platéia, a crônica.
Trama de saudade, outrora de amor.

Cerram-se os lábios, declama o olhar!
Tristes ais de um poema sutil... Refrão de lágrimas.

No silenciar uma oração sem palavras.
Na aresta da alma a dor da perda grita calada.



















quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vazio



 Vazio
Zanna Santos


Minha mente vaga constantemente a procura de algo que me estimule a escrever. Por vezes me flagro diante do computador totalmente vazia, sem frases, sem palavras, sem letras, sem mim. Um corpo diante da tela... Corpo cansado do tédio que nega, que seca e eu secamente me esmero a fim de ter de volta o prazer da escrita; feito louca num debate infrutífero (de mim para mim) consumo mais um dia de minha vida... E se eu falasse do que não tenho a falar? Descortinasse esse nada que me interpela abruptamente e me cala... ?

O passado não me inspira e o futuro me ofusca. O que tenho alem de um presente vago e pobre? A explosão de decepções conteve a mina. Onde garimpar os mais lindos poemas? De preto e branco se faz a aquarela...  Assim revela a minha retina.

De alma triste choro em segredo. A dor do poeta traga, esmaga, desarma os sentidos e já não há o que dizer, pois tudo já foi dito.