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sábado, 8 de dezembro de 2012

Quando a noite cai






Quando a noite cai
(by Zanna Santos)

E quando a noite cai
A saudade maltrata
Embarga a minha alma
Castiga-me... 

E quando a noite cai
Sou vulto, sou triste
Sou gota, sou pingo...
Só lágrimas.

E quando a noite cai
Apenas um pranto
Nem beleza, nem encanto
Meu gemido é o canto
Que ainda sei exprimir.

domingo, 3 de junho de 2012

MENSAGEM DE CELULAR



MENSAGEM DE CELULAR


Quer namorar comigo? Após ler a mensagem, ela segura o celular com umas das mãos e com a outra tapa a boca entreaberta; reação de quem recebe um pedido inesperado e é contemplado por um misto de sensações. Um turbilhão de pensamentos lhe acalora esperanças automaticamente expungidas.

Quem nunca recebeu um torpedo com um conteúdo que lhe agitasse as estruturas físicas? Que atire o primeiro celular...  Um convite para sair de alguém que você nem imaginava ter o seu número; um lembrete daquela reunião importante e super chata com o chefe; a conta de luz em atraso; a fatura do seu cartão de crédito; um aviso de despejo, e se duvidar umas piadas sem graça sobre papagaio, português e viado que ao invés de descontrair deixa qualquer um puto (esse ultimo você ainda tem que pagar 2,99) e ria se puder. Porem um pedido de namoro a essa altura da banalidade sentimental onde pessoas “ficam”, e o prazer passa a ser eterno enquanto duro... foi no mínimo excêntrico.

- Simmm! Ela irrompe o silêncio, desengasga, volta a terra, finca os pés na cabeça e berra como se estivesse atendendo a uma ligação.  Euforicamente controlada senta-se numa cadeira ao lado da mesa do escritório em que trabalha, e ali, depois de uma longa respiração a Leninha escreve a resposta. - Sim, sim, sim! Eu quero namorar com você! Ela mantém o celular e os cotovelos sobre a mesa, as suas mãos comprimindo o rosto numa atitude desesperadora, balbucia de si para si do seu jeito típico de falar – Anda, vai! Vai! (lhe baixou um espírito narrador de futebol numa final de campeonato) Avemaria cheia das graças, essa mensagem vai não é? A cartinha que simboliza o texto em transferência não para de passar diante de seu olhar estático. “Erro”. Tentar novamente? Levantando-se de maneira brusca e visivelmente irritada ela aponta para o aparelho na loucura de que ele a escute atentamente e compreenda a urgência de sua mensagem. Começa a falar: - Tentar novamente? Se eu quero tentar novamente? De que lado você está seu idiota? Ela estava indiscutivelmente perturbada. – Que pergunta imbecil!

O desequilíbrio emocional da Leninha tinha um nome: Anselmo.   Apontado por todos como o tipo grosso, insensível. Porem ela adorava um homem brabo e domá-lo era o seu sonho de consumo. Um cavalo puro sangue, grande, forte e arredio lhe pedia em namoro quando simplesmente poderia lhe tomar nos braços com volúpia e arrancar-lhe muito mais que um beijo (a roupa faz parte dos itens), deixa de lado o instinto selvagem e romanticamente lhe escreve um torpedo. Esse é o supra-sumo que lhe acendeu uma sangria desatada. Com toda a pompa da palavra, a louca “pirou” de vez.

Com as mãos na cintura e andando ininterruptamente em circulo pela minúscula sala, ela busca no âmago as palavras certas para dar continuidade a sua retórica com aquele ser inanimado e burro. Precisava extravasar sua indignação, convencê-lo de que, mais que querer, era necessitar. Continua:

- Olha aqui, eu não admito que logo tu, paraguaio de merda, três chips, Bluetooth, acesso a internet, mp3, mp4, 5, 6. TV, rádio, e bomba de nêutron,  tantas vezes testemunha auricular desse meu desatino amoroso, desse impasse afetuoso, essa relação esdrúxula, seja do contra. Essa foi a mensagem mais linda e inacreditável que recebi desde o dia que te comprei numa esquina da lapa sua muamba rosa. Não estrague tudo agora! Agarrando o indefeso com força, deu duas sacudidas e acrescentou: _ Nada de mensagem, vou ligar pra ele!

Respirou fundo, mãos tremulas, mal conseguia lembrar o numero e quando finalmente aperta o verde: - Seu saldo é insuficiente para fazer ligação...

Zanna Santos






quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Carta para o meu algoz (Dia da consciencia negra)



CARTA PARA O MEU ALGOZ
(by: Zanna Santos)

Digo que és maldito oh! ser infame
Pois não sentistes a dor de quem amamentava-me em amor
Ao furtar-me o aconchego do seu colo quente
Para afundar-me nesse antro de horror.

Ousastes interromper a natureza divina
Manifestação sublime de maior ato materno 
Quando os seios vivificam um pequenino
Fortalecendo os laços de ternura entre mãe e filho.

Por ventura te concebeu o acaso?
Teu corpo é vazio e tu ‘alma tempestade?
Os maus dias te regaram em ódio?
No teu peito  enorme pedra te consome?

Trocastes o meu ninho por um porão infecto.
Amontoados, padecíamos as nossas mazelas
Éramos negros na cor, na sina, na garra, na prece
Éramos os grandes guerreiros de ébano.

Eu vi a peste  assolar os meus irmãos
E a agonia lhes espremer a espinha.
O céu se fechou e a terra se abriu.
Pedimos pão e nos destes açoites.

Tuas mãos tinham o peso da desgraça
Ácido que queima, que marca.
Teus olhos que refletiam a morte.
Teus passos  nos levaram à sepultura.

O clamor explodia dos nossos lábios carnudos
Com toda força da fé africana
E tu zombavas de nossa negra esperança
Arremessando ao mar nossos restos mortais.

Alienastes meus sonhos para oseu senhorio
Escravo dos brancos servi a ganância
Peregrino e tombado em terras estranhas
Troquei meu suor pelo direito à vida.

Hoje oh infame desgraçado.
A escravidão sucumbiu, é passado.
Na presença de brancos e negros lado a lado,
De igual pra igual
Canto a vitoria celebrando a liberdade.


Zanna Santos

Olhai por nós oh! Patria amada!



Olhai por nós Oh! Pátria amada
     ( by: Zanna Santos)

Meu Brasil brasileiro permita-me contigo prosear,
Levantar a minha voz, ser mais um nesse refrão!
Onde estão os teus meninos futuro desta nação?
Onde estão os teus jovens? Continuam a sonhar?
E os teus velhos? Recordando a pátria amada?

Meu Brasil brasileiro, cheio de encantos mil...
Eu sou mais uma de suas riquezas.
Sou a mulher brasileira.
Sou Maria, Joana, Luiza, Tereza;
Sou tua negra, tua índia, tua cabocla;
Da senzala a realeza.
De verde e amarelo nasceu meu coração.
Sou fruta da terra, semente nesse chão.

Meu Brasil companheiro não se faça de estrangeiro.
Não sei falar em outras línguas, muito mal o português.
Ainda bem que a oração sobrepõe aos idiomas
E os quatro cantos do mundo proclamam: Deus é brasileiro.

Por isso na fé que rege essa nação
Vou revelar o desejo de todo bom cidadão
Que ergue a tua bandeira, que canta a tua canção...
O chamado povo heróico de um brado retumbante,
Que clama...

Olhai por nós oh pátria amada com teu olhar de mãe gentil.
Nos traga alento na desgraça, nos traga paz nesse caminho.
A verdade é que teus filhos se perderam na jornada.
A estrada é muito íngreme; a buracos, há tropeços, há espinhos.

Abra os olhos mãe gentil, vede a dor do pequenino.
Ele nasce em seu berço e é lançado a triste sorte.
O estandarte que ostentas com orgulho se desbota.
Abra os olhos mãe gentil ou chorai a própria MORTE.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal Mascarado




NATAL MASCARADO
Zanna Santos

É natal!
Precisamos sorrir e cantar.
Olhar nos olhos e dar bom dia, boa tarde, boa noite.
Devemos ate mesmo apertar as mãos,
Aceitar um caloroso abraço,
Exercitar a suprema e anual caridade.

É natal.
É preciso acordar cedo,
Entregar-se ao CONTEXTO e se permitir.
É preciso compartilhar os sonhos,
Dissimular o cenário preto e branco,
Doar-se em sacrifício,
Ensinar o outro a colorir.

É natal!
Nada de tristezas, de chorar as perdas.
Hoje é preciso burlar o impossível.
Comparecer aos asilos, visitar os hospitais,
Contar juntos as estrelinhas do céu.
Aos famintos comida e abrigo. Só hoje!
E todo o resto veio com o papai Noel.

É natal!
Olha lá a praça está toda enfeitada,
Os mendigos de paletó e gravata,
Os pivetinhos bem vestidos e calçados.
Ao longe parecem até crianças.
Grande hipocrisia natalina!

É natal!
A ceia sobre a mesa esta posta e tudo parece real.
Convidemos os brancos, os negros, os ricos e os pobres.
Há fartura de amor, igualdade e muita paz.
Depressa, comamos e bebamos até que venha a alva,
Por que de certo com o sol a magia se desfaz.


domingo, 18 de dezembro de 2011

Saudade




Saudade
(By Zanna Santos)

Num palco, o cenário, a platéia, a crônica.
Trama de saudade, outrora de amor.

Cerram-se os lábios, declama o olhar!
Tristes ais de um poema sutil... Refrão de lágrimas.

No silenciar uma oração sem palavras.
Na aresta da alma a dor da perda grita calada.