Carta Para o Meu Amor II

CARTA PARA O MEU AMOR II
Dependência

Zanna Santos

        São exatamente 03:00 hs da manhã e eu não consigo dormir. Uma euforia mista de regozijo e incerteza me furta o sono. Os pensamentos se permutam e eu já não sei se posso sorrir ou chorar... Então resolvi levantar e escrever-te mais uma carta.

       O dia estava lindo! Eu nem acreditei quando abri a janela do quarto e testemunhei aquele amanhecer sem cerração. A natureza conspirava ao nosso favor. Antes de correr para o banho eu passei alguns segundos apreciando aquele que seria o nosso cenário de amor. O tempo perfeito para o nosso piquenique! Estava tão absorta que não percebi os seus passos pela casa. Era a aparição mais linda, mais apaixonada de todo o além. Ah meu amor, os teus olhos espelhavam a felicidade que me saltava o rosto. Dei-te um abraço forte e corri para o chuveiro; não queria perder um segundo sequer do nosso encontro. Você ainda tentou me impedir, lembra? Disse que me queria tão perto a ponto de acreditar sermos um, com um só coração e alma. Tomada por um sentimento inexplicável me entreguei aos seus beijos e toda a poesia que não venerasse o nosso amor de certo se perderia.

         A tarde chegou e ainda éramos você e eu, por que o resto do mundo... era o resto do mundo. Sentíamos a necessidade da respiração conjunta, da saliva partilhada, do atrito da pele, do ajustar dos corpos. Nossa fome seguia alem dos sanduíches e refrigerantes levados naquela cesta. Tivemos a posse da perfeição personificada.  Tivemos um ao outro!

         Onde está você meu amor que faz do meu dia felicidade e das minhas noites calvário?

          Acordei sozinha e assustada; temi ter tido um sonho lindo porem impregna-me o teu cheiro, atendo a certeza do nosso real e pleno momento.

          Sofro quando parte e partindo leva meu coração e a minha paz...

       Não vou dormir. Arrastar-me-ei sôfrega pela madrugada ate a alva na esperança de que o sol me devolva você.

        Da sua amada!